quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quem somos nós, para discordar? Um belo exemplo do respeito as raízes de nossa gente.

Riquezas da língua portuguesa, aprendendo a respeitar as diferenças.

Criatividade X Oralidade

A filosofia de Rousseau

Sou caipira Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida, ilumina minha escura e funda o trem da minha vida..Renato Teixeira.

O FALAR RURAL.
 Ex: vortei

O falar rural apresenta algumas marcas que evidenciam sua relação com o passado, pois traz, em suas formas diversas, alguns traços da língua portuguesa em sua formação, os quais revelam resquícios de outras línguas, como o latim, línguas africanas e línguas indígenas. Nesta seção, serão abordadas as possíveis origens de alguns traços característicos desse falar.
A seguir, apresentam-se algumas marcas peculiares do falar rural e o posicionamento de pesquisadores acerca das possíveis origens destas.


Aspectos fonéticos

a) Iotização

Ex:

Nascentes (1953: 49)
comenta as razões de ordem etnográfica que resultaram na dificuldade da pronúncia do lh pela classe inculta: A dita classe era composta em sua maioria de índios e africanos que não possuíam este fonema em suas línguas; tiveram de aprendêlo,
aprenderam estropiadamente e deste modo o transmitiram aos seus descendentes.” Mendonça (1935: 112) afirma ocorrer esse processo devido a uma influência africana. Já para Melo (1981), essa transformação pode ser uma influência românica ou africana.



c) Alteração de v para b


Coutinho (1958:119),
ao se referir às mudanças do fonema /b/ do latim ao português, afirma: “modifica-se às vezes em v, outras cai”.
Cabe ressaltar que a forma arcaica da variante em questão é bárbaro, portanto as formas apresentadas conservam marcas lingüísticas da origem do vocábulo.

Aspectos lexicais


Aspectos sintáticos
a) Ausência de concordância nominal
Ex:

A tendência de, no falar rural, ocorrer a marca de plural apenas no determinante é apontada por Melo (1981) como uma influência africana: [...] tenho que a influência mais profunda das línguas africanas no português brasileiro se fez sentir na morfologia. É a simplificação e redução das flexões. Realmente, em nossas linguagens populares rareiam as desinências de plural, que tendem a se restringir ao primeiro determinante da frase. E isso tão mais amplamente quando mais baixa a camada popular. (Melo, 1981: 78)

b) Ausência de concordância verbal
Ex:

O verbo também sofre bastante as conseqüências dessa atitude simplista. Muita vez só há oposição de desinência entre a primeira e as demais pessoas, como se vê, por exemplo, do indicativo presente do verbo comprar: eu compro, tu compra (a 2a pessoa de regra só ocorre na linguagem insultuosa), ele compra, nóis compra, eis compra.

O falar dos informantes, mostra uma alteração no cotidiano atual do morador rural que, diferentemente de décadas anteriores, tem acesso à escola, o que também lhe permite o conhecimento, ao menos parcial, da norma culta.
As particularidades lingüísticas identificadas na fala dos moradores de zona rural em questão, resultam de particularidades da comunidade de que fazem parte, o que confirma a estreita relação entre linguagem e sociedade.

FALAR RURAL: É POSSÍVEL ALTERAR UMA
TRADIÇÃO (?)
Joyce Elaine de ALMEIDA BARONAS
Universidade Estadual de Londrina
corpus apresenta ainda marcas do chamado dialeto caipira, evidenciando as transformações ocorridas na língua portuguesa a partir de sua origem latina, mas que também se compõem de pistas de urbanização, com elementos lexicais referentes ao cotidiano urbano e elementos gramaticais que se aproximam da norma culta.  Alguns itens que indicam transformações na vida do atual morador rural, como por exemplo nos meios de locomoção, com a presença de automóveis; nos meios de comunicação, com a presença do rádio, da televisão, do jornal, do telefone fixo, do telefone público e até do celular. O morador rural, hoje, tem acesso a recursos médicos e à escola. Além disso, ele mantém relações trabalhistas e relações sociais na própria comunidade e fora dela. A importância da escolarização nos dados de concordância, tanto nominal como verbal,
nóis veiu juntuus homi quase nenhum vai O uso da expressão pra mó di é assim explicado por Amaral (1920:81): “o nosso caipira usa a fórmula por amor de para exprimir circunstância de causa”. Conforme aponta o estudioso, tal expressão é usada de forma diferenciada, como: pramor de, mor de, mó de. Segundo Nascentes (1953: 111), “a locução por amor de aparece tão desfigurada que quase fica irreconhecível: prumode”. Segundo o autor, ocorrem, em Portugal, as seguintes formas: “Por’môr de (Vasconcelos, Filologia mirandesa, II, 157) pr’amor de (Vasconcelos, Opusculos, II, 507)”.Exemplos citados pelo autor são: caballu/ cavalo, nebula/névoa, em que ocorre a ateração de b para v e ibam/ ia, em que ocorre a queda do b. Ex: braba; Ex: pra mó di dexá limpo muié

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quando a linguagem é música e paixão.

   "Se para os gregos a linguagem é razão, para o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau(1712-1778) ela é acima de tudo música e paixão."
   Podemos nos comunicar pelo gesto, pela palavra, por expressões corporais. O gesto nasce das necessidades físicas naturais; a palavra nasce da paixão, do sentimento. Como declarar amor a uma mulher apenas com gestos? Só a poesia e a música podem fazê-lo.Se as necessidades afastam os homens, a paixão os aproxima. Segundo Rousseau, o homem não começou raciocinando, mas sentindo.
   Iremos comentar as várias formas de falar, com a pena, com o olhar, com as mãos. Para nós, amantes das letras, a linguagem  é romance, poesia e declaração.